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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Escrevo-te (XVII) - a metamorfose da lua em dia ondulante, via "O Mar Parece Azeite"


imagem daqui



escrevo-te sobre a metamorfose da última lua
na aura envolvente de um sol de primavera.
talvez seja obrigatório falar do lugar da obra de arte
não o museu de paredes silenciosas, caladas de branco
mas um mundo, um novo mundo, onde possa ser reinventada
reproduzida numa rotação de muitos instantes;
pés deslizantes de uma dança -


sim, bem sei, não é novidade
escrevo-te de uma esplanada debruçada sobre o mar
num colo de areia
na concentração célere de ondas que chegam e fogem
um lugar que significa linhas de um desenho
o contorno de uma face, os olhos, os lábios
a fixa precisão de traços de grafite
a antecipação dos próximos dias, enquanto os teus cabelos
se elevam, leves e únicos, preenchendo fragmentos de céu
um céu muito azul, sem ser cinzento -


escrevo-te ainda sobre a transcendência do humano
a poesia, a música, a arte infinita, sublime e multiforme
na poeira dos tempos e na espuma dos dias
de múltiplas maneiras: a miríade dos sentidos -


e escrevo-te sobre as naturezas do mundo
quando se desmaterializa a complicação de células evoluídas
e se recua muito tempo, sem as sinapses que sublimam
em formas mais simples
os olhos de lince , as asas de pássaro, as escamas de peixe
o caule frágil das plantas, a inclinação das folhas
a semente e o nascimento de flores intensas, em hipérbole
a cor e o aroma que não se explica
apenas existe -
como o lilás na cor luminosa das glícinias
as primeiras que surgem no jardim
inscritas numa nuvem de jasmim, já florida, já de aromas
ali ao lado.
mas são as glicínias, os novos cachos que inebriam
os mesmos que invadiram a noite
e provocaram a metamorfose da lua em dia ondulante
de mãos de solstícias, aquecendo a futura declinação
em dias maiores, mais luminosos
os dias de verão que se aproximam -


escrevo-te, sim, escrevo-te na esplanada atlântica
a mesma dos descobrimentos
das caravelas, das naus frágeis e pequenas, tábua a tábua desfraldando velas
entregando-se na metereologia, no astrolábio e no sextante
e rumando na infinitude
por entre as ondas, nas mãos profundas de um mar de neptuno
um mar de horizontes, de letras a sílabas
palavras e ondas, muitas, fortes e decididas
ondas que chegam, chegam e fogem
mas empurram, abrem o véu fechado do futuro
e no seu ruído, no seu odor a maresia, na sua espuma branca
sorriem e renovam-se, e renovam-se sempre -


e assim se escrevem os dias -

josé ferreira 17 Abril 2013

2 comentários:

josé ferreira disse...

Olá Aline

Desculpe só agora agradecer mais esta partilha da minha poesia neste magnífico espaço,muito obrigado amiga

Bjo

José

Aline Carla Rodrigues disse...

Não tens que desculpar!
O espaço aqui é sempre teu!
Imenso abraço, amigo poeta.
Volte sempre.

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