SEJA BEM-VINDO!

A ARTE RENOVA O OLHAR!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Para os meus queridos alunos que amam a música brasileira -Projeto "Doce Harmonia" - Aquarela do Brasil







Em 1996, professoras do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli, de Uberlândia, Minas Gerais, deram início a um projeto denominado "Doce Harmonia", que une prática instrumental. de conjunto e pesquisa musical, do qual o CD "Aquarela Brasileira" é um testemunho de seus resultados.


O projeto foi então idealizado e realizado pelas docentes Alice Pereira Pacheco e Maria Tereza Borges Rezende, contando atualmente com a participação da professora Maristela Alvim.


O seu escopo foi o de desenvolver nos alunos a prática de conjunto, fomentando ao mesmo tempo o domínio instrumental, o entusiasmo pelo estudo e pela atividade musical. Pode-se ver, nessa iniciativa, expressão de uma convicção da utilidade da prática camerística em todas as fases do aprendizado musical, uma vez que a experiência de conjunto contribui à socialização, traz alegria na execução coletiva, supera limitações decorrentes do ensino e do estudo individual, motivando, ao mesmo tempo, o exercício técnico e o aperfeiçoamento na execução do instrumento.




Característica do projeto "Doce Harmonia" é colocar em relêvo um instrumento utilizado em larga escala na Educação Musical, valorizando-o nas suas potencialidades artísticas: a flauta-doce.


O projeto atualiza, assim, sob novas bases, iniciativas que, nos anos sessenta, em São Paulo, implantaram a prática de conjunto de flautas-doce no âmbito do ensino de conservatórios. O seu idealizador foi o maestro e compositor Andrelino Vieira, diretor do Conservatório Musical Oswaldo Cruz. Impulsos foram dados sobretudo por alunos provenientes de Israel, que trouxeram para o Brasil a prática do instrumento e de conjunto conhecida nas escolas israelitas. Sob a condução da professora Maria do Carmo Vieira, responsável pelo Canto Orfeônico no Ginásio Oswaldo Cruz, essa proposta inseriu o conjunto de flautas-doce nos ideais do ensino orfeônico na tradição paulista do movimento de Villa-Lobos, marcados por intuitos de socialização através da música e de fomento da música brasileira.


A iniciativa defrontou-se já então com o problema da falta de repertório para o instrumento. Com a intenção de vincular a prática à tradição brasileira, Andrelino Vieira passou a criar peças e a adaptar composições e gêneros do repertório mais popular, sobretudo daquele de banda, passando o conjunto a executar, com flautas-doce, marchinhas, valsas e dobrados, aproximando a prática dos choros e dos conjuntos de pífaros do Nordeste. Algumas dessas peças foram publicadas. Essa prática tradicional era conhecida dos estudos de tradições brasileiras, salientando-se aqui a pesquisa sobre o "cabaçal" do Nordeste realizada por Martin Braunwieser durante a Missão Folclórica do Departamento de Cultura do Município de São Paulo, na década de trinta, e discutida no Conservatório Paulista de Canto Orfeônico.


Interrompida essa iniciativa em meados da década de sessenta, o projeto "Doce Harmonia", sem dela ter conhecimento, recapitula agora o pioneirismo da iniciativa, testemunhando, assim, a atualidade e a utilidade de seus princípios.


Muito mais intensa e consciente surge, em Uberlândia, a intenção de proceder-se sistematicamente ao levantamento e ao desenvolvimento de repertório. Diferentemente daquele dos anos sessenta, o fomento da flauta-doce no Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli pode contar agora com obras escritas para o instrumento nas últimas décadas por vários compositores brasileiros. As intenções do projeto em valorizar artisticamente o instrumento motiva, também, a criação de novas obras.

A pesquisa de repertório, iniciada em 2007, considerou não apenas composições da esfera da música erudita, mas também da popular. Os intuitos educativos da prática de conjunto associaram-se aqui àqueles da valorização e da divulgação de música sentida como expressão de identidade brasileira. Poder-se-ia dizer que o processo performativo da prática musical socializada uniu-se àquele da difusão.


O trabalho de pesquisa levou à gravação de um DVD, de títuloAquarela Brasileira. Em 2008, deu-se início à produção do CD de mesmo título, finalizado em 2009. O projeto foi possibilitado pelo apoio, entre outros, de Mirtes Guimarães, diretora do Conservatório, da maestrina Cora Pavan Capparelli, e de Mônica Debs Diniz, da Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais, realizando-se graças ao empenho de Alice Pereira Pacheco.


O CD compreende-se como uma realização coletiva. Sob a direção de Betiza Landim e Maristela Alvem, dela participaram os flautistas Ana Carolina de Oliveira, Anderson Leite Ladário, Andressa Leite Ladário, Esther Ferreira de Souza, Geórgia Mesquita Cardoso, Helga Raíza Vogel Cardoso, Josiane Macedo Ferreira, Mariana Oliveira Segantini, Nayara Bernardes da Cunha, Rafael Augusto da Silva, Renato Augusto de Assis Silva, Romes Jorge da Silva Júnior e Rovena Piau Ferreira Freitas, acompanhados, ao piano, por Ernane Machado, e, à percussão, por Leonor Júnior. A realização técnica ficou a cargo de Adilson Mazzini, sendo a produção assessorada por Alice Pereira Pacheco, Maria Tereza Borges Rezende, Romes Jorge da Silva Júnior, Rafael Augusto da Silva e Rovena Piau Ferreira Freitas. A apresentação visual coube a Enio Ciconelle e Tayná Piau Ferreira Freitas, incluindo fotografias de Marta Araújo.


O programa apresentado manifesta o intuito de consideração da música popular brasileira em realização de caráter pedagógico. Inclui, assim, além da composição que inspirou a denominação do CD, a Aquarela do Brasil de Ari Barroso (arranjo de Marcos Leite) e de Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu (Arranjo de A. Arantes e adaptação de Gleide Gustin); peças de Luiz Gonzaga (Algodão, arranjo de Liduino Pitombeira; Asa Branca, com H. Teixeira, arranjo de A. Arantes e adaptação de de G. Gustin); Flávio Venturini/Guarabira (Espanhola, arranjo de Eduardo D. Carvalho); Pixinguinha (Rosa, com Otávio de Souza, arranjo de Marcos Leite; Carinhoso, arranjo de Alberto Arantes e adaptação de Gleide Gustin); Antonio Carlos Jobim (Luíza, arranjo de Eduardo D. Carvalho), terminando com Caetano Veloso (Lua, Lua, Lua, Lua, arranjo de Marcos Leite). O Folclore brasileiro está representado com Samba-lê-lê, em arranjo de Calimério Soares.
A.A.B.
Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. (Ed.). "Aquarela Brasileira - Projeto Doce Harmonia". Revista Brasil-Europa 128/28 (2010:6).

www.revista.brasil-europa.eu/128/Aquarela-Brasileira.html





Nenhum comentário:

LinkWithin

.post-body img{ -webkit-transition: all 1s ease; -moz-transition: all 1s ease; -o-transition: all 1s ease; } .post-body img:hover { -o-transition: all 0.6s; -moz-transition: all 0.6s; -webkit-transition: all 0.6s; -moz-transform: scale(1.4); -o-transform: scale(1.4); -webkit-transform: scale(1.4); }